segunda-feira, 12 de março de 2012

NÃO SE AFOBE NÃO... QUE NADA É PRA JÁ!

[GRAVANDO]
Quem me conhece ou chegou aqui por acaso e prestou atenção em alguns ciclos cronometrados, pontuais, mecânicos... já deve ter reparado que não é muito difícil me fazer chorar, encontrar alguma peça solta em aparente desequilíbrio ou simplesmente rodar uma ferramenta e me deixar frouxo, entregue, incerto. Hoje não foi diferente... como era de se esperar. Fui assistir "A Invenção de Hugo Cabret" sem muitas expectativas... perfeito... acho que a vida seria tão melhor sem elas... mas ainda não consigo! Não plenamente. Sou muito sonhador pra isso... pago o preço... porque não é indolor a experiência do sentir, do esperar e do frustar. Mas só se frustra quem se entrega de alma, de cabeça, de corpo inteiro. Falava das expectativas porque ouvi alguns comentários sobre esse filme, mas nada muito arrebatador. Ganhei um ingresso de uma alma linda que, não por acaso, está sempre por perto pra dividir um bom desajuste ou uma boa dose de cerveja pra esquecer dele... e lá fui eu pro cinema. Saí de lá... com minha bagagem vazia... não de espírito... de matéria. Refleti sobre o incômodo da solidão e da dificuldade que temos em lidar com ela, crescer com ela... como a solidão machuca... como nós mesmos nos machucamos quando estamos a sós, conosco, no espelho. A construção da auto-imagem é quase como colocar a maquiagem pra um espetáculo que será breve, conquistará alguns espectadores, mas que está fadado ao esquecimento... ao abandono...  Termino e concordo com Chico (Buarque) na esperança de que sábios em vão tentem decifrar o eco dessas antigas palavras, fragmentos de cartas, poemas, mentiras,  retratos, vestígios de estranha civilização. À você que chegou até aqui meu caro escafandrista... deixo um bravo pela coragem... e o desejo que não se esqueça de mim quando chegar em terra firme!
[CORTA]